RESUMO
DO FILME “PODER ALÉM DA VIDA”
“Gotas
de suor atingem o chão”. Ao fundo, desfocados, vemos um grupo de homens, todos
vestidos com roupas semelhantes. Não conseguimos a princípio perceber de onde vem
às tais gotas até que a câmera nos leva a um ginasta, segurando com firmeza e força
as argolas onde está executando com grande habilidade seus exercícios. A arena está
montada e as pessoas ao redor constituem os juízes, os outros atletas e o
público que prestigia o evento. Ao saltar, o jovem atleta vê uma de suas pernas
literalmente se despedaçar em vários pedaços. Enquanto ele agoniza, todas as
demais pessoas ali presentes e próximas tentam acudi-lo, menos um homem, que
varre inadvertidamente os resíduos da perna do jovem como se estivesse se preparando
para jogá-los no lixo. Só o que o jovem atleta consegue ver desse homem são os
seus sapatos, que notadamente são de diferentes modelos, apesar de terem a
mesma cor. De repente, assustado, Dan Millman (Scott Mechlowicz), o
protagonista dessa história, acorda suado e assustado. Acabara de ter um
incômodo pesadelo. Esse início de história nada mais é do que o prenúncio de
que estamos diante de um somatório de fatos e acontecimentos que certamente
poderiam mudar a vida de alguém. Ainda mais quando Millman conhece Sócrates (o
veterano Nick Nolte, em mais uma bela interpretação), atendente de um posto de
gasolina, que calça os sapatos vistos pelo jovem em seu sonho. E o que os une
além do sonho que levou Dan ao encontro de Sócrates? A princípio nada parece
ser comum entre os universos em que ambos vivem. O jovem demonstra estar deslumbrado
com as vantagens materiais que o mundo pode lhe dar por ser um atleta de ponta.
É o que fica claro quando diz a Sócrates que tem tudo o que precisa de mulheres
a notas altas, de dinheiro farto a muitos amigos e, principalmente sucesso
tanto na escola quanto no esporte.
Nesse
momento, querendo comprovar o quanto é bem sucedido e preparado para vencer na
vida, Millman lança um desafio a Sócrates. Diz o ginasta para o enigmático atendente
do posto de gasolina que qualquer pergunta pode a ele ser dirigida. Ele está pronto
para responder sem qualquer problema. Está tão resoluto e seguro que acredita saber
todas as respostas, não importando nem mesmo quais serão as perguntas a ele direcionadas.
- “Você é feliz?” - Pergunta-lhe então Sócrates. E a pergunta deixa Dan
desnorteado. Parece ao mesmo tempo tão simples... Mas ao mesmo tempo pode ser
igualmente complexa e desafiante por provavelmente conter algum duplo sentido
ou por ser capciosa. Afinal de contas, jovem e forte, fazendo sucesso com as
garotas, tendo ótimos resultados na escola, cotado para ganhar campeonatos e
tornar-se atleta olímpico, contando com amigos e tendo dinheiro no banco, o que
poderia fazer com que ele fosse infeliz? O que faz, no entanto, com que ele não
consiga dormir a noite? Se tudo é tão lindo e maravilhoso, o que motiva não só
a insônia que o atinge, mas também um sentimento de vazio que por tantas vezes
toma conta de seu corpo? “Tire o lixo de sua mente”, diz a ele Sócrates.
Aprenda a perceber e saborear o mundo que está ao seu redor. Amplifique os seus
sentidos. Foque mas não perca a capacidade de ampliar o seu olhar e perceber
tudo o que existe no mundo. Não há momentos perdidos em nossas vidas. Cada
experiência pode e deve ser percebida como única e excepcional. Sempre há algo
acontecendo. O que existe de mais importante na vida é esse momento, o agora.
E o
que fazemos em relação a isso? Absolutamente nada, ou seja, na maior parte do tempo
vivemos mecanicamente, como se desprezássemos o fato de que essa experiência e
cada minuto que passou jamais irão nos ser novamente concedidos. Vivemos atormentados
com o passado ou com o futuro. Assombrados pelos erros ou pecados que cometemos.
Assustados com o que está por vir e que, obviamente, desconhecemos e por isso
tememos. E, com isso, deixamos de viver o agora com toda a força, vibração e energia
que deveríamos dedicar a cada uma dessas experiências tão valiosas que se colocam
diante de nós. Dan Millman não pareceu entender bem o que lhe dizia esse tão
estranho tutor com o qual deparara num posto de gasolina. Sócrates, a quem ele
chamara de filósofo de loja de conveniências, não parecia dizer coisa com coisa
e, além disso, como poderia se contentar em viver como atendente de um posto de
gasolina (ao que o sábio lhe respondia, “servir é o mais nobre de todos os
propósitos”). É através de uma pequena tragédia pessoal que Millman consegue
ganhar tempo real para reavaliar o que Sócrates estava a lhe dizer em todas as
ocasiões em que haviam se encontrado. Um acidente de moto o coloca na cama, com
uma das pernas estraçalhada e sem perspectivas (ao menos por parte dos médicos
especialistas) de retornar ao esporte que tanto amava. O que fazer? Como
superar tamanha dor e sofrimento? Baseado no livro “O caminho do guerreiro
pacífico”, de autoria do próprio Dan Millman, “Poder além da vida” é mais do
que um filme, trata-se de um libelo em favor da reflexão, da valorização da
vida e de nossas experiências, da partilha de ideais e propósitos nobres e, em
especial, da busca de equilíbrio e harmonia em nossas vidas.
ANÁLISE DOS NÍVEIS
DO TEXTO
Um texto nasce da
união de um plano de conteúdo com um plano de expressão (verbal, não-verbal,
pictórico, sincrético, dentre outros.) e podem ser estudados separadamente,
pois podem ser ligados por varios planos de expressão, sendo então um objeto
que visa entender as relações que se estabelecem na vida do homem. De
acordo com Barros (2000), Esta teoria tem o objetivo de explicar o
sentido do texto pela análise de seu conteudo. Os procedimentos utilizados para
produção dos sentidos de um texto seguem um caminho gertaivo, chamado “Percurso
gerativo de sentido”, esse percurso gerativo de sentido compreende
três níveis de organização dos sentidos de um texto: o nível fundamental, o
narrativo e o discursivo.
Nível
Fundamental
No nível
fundamental , Segundo Barros (2000), determina-se o mínimo de sentido a partir
de que o discurso se constrói. Nesse nível, o sentido do texto aparece
motivado pela relação de aversão entre dois termos que têm um traço
semântico em comum, por exemplo: liberdade x
opressão. Um desses termos
será sempre eufórico (positivo) e outro disfórico (negativo).
Num nível mais
abstrato, percebe-se no filme “Poder além da vida”, duas oposições semânticas,
a partir das quais se constrói o sentido do texto: Persistência X Desistência.
Nível
Narrativo
Na visão de Barros (2000), no nível narrativo não se deve pensar, porém, que o percurso
gerativo do sentido se aplique somente a textos narrativos, pois todos os
textos possuem narrativa minima, que é definida como uma mutação de estado,
ainda que essa mutação esteja implícita e seja necessário ser pressuposta pelo
leitor. No filme “Poder além da vida”, podemos perceber a semântica narrativa
quando Dan tem um pesadelo, Ao saltar do aparelho, ele vê suas pernas se
despedaçarem. Enquanto ele sente a dor de ter sua perna literalmente em
pedaços, todas as pessoas que estavam no ginásio se aproximam
para tentar ajuda-lo, exceto um homem que varre os resíduos da sua perna como
se estivesse varrendo lixo.
Nível
Discursivo
Por fim e não menos importante, vem o nível discursivo, onde as formas abstratas do nível
narrativo são revestidas em termos que lhes dão sentido. Segundo Barros (2000),
é nesse nível que estabelecemos as categorias de tempo, de espaço e de pessoa,
que se produzem os efeitos de verdade, e de realidade, dentre outros. É nessa
fase que são apresentadas todas as escolhas a fim de que o leitor venha a crer
no nosso discurso, por isso o nível discursivo é tido como o mais complexo e
mais concreto de todos.
Visto
isso, os sujeitos do nível narrativo se concretizam quando Dan tem um pesadelo,
o nível discursivo produz as variações de conteúdos narrativos, tendo inicio o
nível discursivo quando Dan tem sua vida aparentemente perfeita.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Tendo
em vista os objetivos expostos na introdução, ou seja, o de analisar os níveis
textuais do filme “Poder além da vida”, podemos perceber, que mesmo que o
objetivo tenha sido alcançado, é importe uma exposição mais aprofundada dos
conceitos, assim como uma análise mais detalhada. Porém, acreditamos na possibilidade
de termos produzido uma análise produtiva, que permitirá que outras pessoas
possam ter um olhar mais apurado, a ponto de poder identificar os níveis
fundamentais, narrativos e discursivos presentes no filme, sendo possível fazer
um breve analise. Além da experiência adquirida com analise do filme, outra mensagem
foi muito marcante e ficou destacada ao longo do filme, que é a importância de
valorizar o “hoje”, o “agora” e “este momento”, uma vez que traz grande
utilidade na vida de pessoas que sempre estão presas a um passado que
dificilmente voltará ou a um futuro que não sabemos se chegará.
REFERÊNCIAS
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4. Ed. São Paulo: Ática, 2000.
Disponível em: < http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=945> Acessado em 30 de Nov. De 2012.
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