sábado, 30 de abril de 2011

Relação de Trabalho no Brasil Império (1822-1889)


Introdução

Na apresentação do trabalho anterior, vimos como a mão de obra predominante na época do Brasil colônia era extremamente explorada, levando os indivíduos aos limites da força de seus corpos, através de trabalhos extenuantes e incessantes, chegando ao ponto de muitos sucumbirem e ficarem pelo caminho dizimado pelas mazelas que lhes eram impostas. A mão de obra predominante na época era a escrava, sendo inicialmente explorados os índios, porém como eram de uma raça dotada de poucas aptidões e força física para determinadas atividades, os colonos precisaram de uma força de trabalho mais resistente, encontrando essa mão de obra disponível nos escravos africanos. A predominância desse tipo de mão de obra prosseguiu em crescente exploração, sendo essa a força que alavancava a economia no período. Daremos seqüência nos estudos das análises econômicas do Brasil, tomando como base de estudo, o período determinado Brasil Império, especificando fatos, datas importantes nesta época com o intuito de esclarecer de que forma a economia aqui se desenvolveu, tomando como base a mão de obra predominante no período, e de que forma a mesma contribuiu para o desenvolvimento econômico do país. 



Relação de Trabalho no Brasil Império
(1822-1889)

Após o dia 7 de setembro de 1822, data da proclamação da república inicia-se a fase do Brasil império. O governo de D. Pedro I, classificado como um governo autoritário e impositor, através da constituição moderadora, inibiram todo e qualquer tipo de manifestação popular aos governantes. D. Pedro I, detentor desse perfil, se viu às voltas com a insatisfação da população, com alto indicie de rejeição, se viu obrigado a abdicar o trono. Foram vários os fatores que contribuíram para que D. Pedro I abdicasse ao trono, dentre eles o fato do imperador ter o caráter autoritário, tornando o seu governo absolutista, sendo este marcado por conflitos, arbitrariedades e sangue. Diante de tanto problemas, no ano de 1831 D. Pedro I, se viu obrigado a abdicar o trono, passando - o para o seu filho D. Pedro II.

O período de 1831 a 1840 foi um período de grandes conflitos para a nossa missão com muitos conflitos e intranqüilidade nas províncias. Esta fase se caracterizou no período no primeiro reinado, que exigiu a elaboração de uma nova legislação e uma nova política econômica, sendo um momento importantíssimo para o nacionalismo, pois deixou de se mostrar como principal motivo de independência para mostrar seu verdadeiro interesse, que era conservar a liberdade econômica e administrativa da elite, que eram os comerciantes, grandes senhores de terra, advogados e membros do clero. Esses grupos que apoiavam a independência exigiram uma nova constituição para o país, mas não havia um consenso entre essas elites: os liberais queriam que o poder do monarca fosse dividido com a Assembléia, para que ele não governasse sozinho; os conservadores defendiam o por absoluto do monarca, e que a Assembléia deveria aceitar todas as suas decisões; os republicanos, por sua vez, queriam o fim da monarquia e a proclamação da republica, porém o seu poder político era minoritário.
Um conflito entre brasileiros e portugueses foi crucial para que D. Pedro I fechasse a Assembléia e vários liberais fossem presos, porque os liberais e conservadores passaram a utilizar a imprensa para divulgação de suas idéias. Mas, para dá continuidade a elaboração da nova constituição, D. Pedro I criou um conselho com pessoas que o apoiavam, sendo-a outorgada em 25 de março de 1824, passando a dá a D. Pedro I plenos poderes para controlar o poder legislativo e judiciário, gerando uma grande revolta nas províncias, formando a partir daí a Confederação do Equador, que tinha como principal objetivo a Proclamação da República, contudo essa confederação não resistiu aos ataques das tropas mandadas por D. Pedro I, e seus líderes foram condenados à morte. Dentre tantos conflitos entre as províncias, em 07 de abril de 1831 D. Pedro I resolveu renunciar o trono, finalizando assim o Primeiro Reinado. Com o renuncia de D. Pedro I, os liberais resolveram apoiar a coroação de D. Pedro II antes da maioridade, criando em 1838 o Clube da Maioridade, que resultou em 1840 a coroação de D. Pedro II com apenas 15 anos de idade, dando inicio, a partir daí, o Segundo Reinado, que compreende o período entre 1840 a 1899 e determinado Segundo Império, caracterizado por fatos de grande importância, como as novas eleições que foram marcadas por grande violência, porque os eleitores eram coagidos a votarem nos candidatos sob pauladas (conhecida como Eleições do Cacete). Entre esses fatos está o processo que aconteceu de forma lenta: a abolição da escravatura em 1888, fato que foi determinado pelo fim do trafico negreiro no ano de 1850, inicialmente por causa da proibição da lei Bill Aberdeen, que proibia o trafico escravo elo Atlântico, causando grandes problemas aos escravocratas brasileiros. Nesse momento, o número de abolicionista cresceu muito, e, consequentemente, a luta pelo trabalho livre no Brasil, fazendo com que o governo elaborasse algumas leis que concedia alguns direitos aos escravos: Lei do Ventre Livre, que dava o direito de liberdade a todos os negros nascido a partir daquela data; Lei dos Sexagenários, onde os escravos maiores de 65 anos tinham sua liberdade garantida, e por fim, cedendo às pressões que vinha de todos os lados, a Lei Áurea foi assinada, concedendo liberdade a todos os escravos.

Várias mudanças ocorreram na economia brasileira: o cacau e o algodão passaram a ser cultivados em grande quantidade, a borracha e o café continuaram tendo importância na região sul do país e a abertura dos portos ao comércio das nações amigas. Falando sobre o período econômico existente na época, podemos citar a fase de crescimento expansão pela região sudeste das fazendas cafeeiras, modificando a utilização da mão de obra predominante da época: de escravos africanos para imigrantes europeus, sendo esta em sua maioria composta de austríacos, alemães e italianos.   
Apesar das mudanças que as estatísticas documentam, nem sempre foi boa a situação financeira do Império, pois mesmo tendo criado um sistema rudimentar de administração e de instalado um Banco Nacional, essas medidas não causaram o efeito esperado, que era tirar o Brasil das dificuldades financeiras. Segundo relata Celso Furtado no seu livro Formação Econômica do Brasil, a produção industrial não afetou o sistema produtivo, pois os seus efeitos foram bastante superficiais indicidindo somente os bens e serviços de consumo.
Diante dessa situação, o país viveu um grande dilema, se pôs fim à mão de obra escrava africana, porém não se pensou em uma alternativa que pudesse substituí-la. O Brasil passou por uma fase de estagnação que o único modo dele sair desse quadro era se reintegrar com o comércio internacional. Ocorreu um endividamento grande, devido a muitos empréstimos, o que gerou uma situação fiscal precária, já que existiam terras abundantes no país. Era preciso focar no produto de exportação ligado diretamente a terra, esse produto foi o café que passou a ter uma importância comercial, devido à alta dos preços. A cultura do café foi responsável pelo aumento das exportações brasileiras. O cultivo do café se concentrou em regiões montanhosas, onde existia muita mão de obra devido à desagregação da economia mineira e a proximidade do porto, facilitando o transporte através das mulas. Devido o desenvolvimento da atividade cafeeira, surgiu uma nova classe de empresário, que seriam fundamentais para o desenvolvimento do país. Essa nova classe de operários lutou por seus interesses, como aquisição de terras, recrutamento de mão de obra, organização e direção da produção, transporte interno, comercialização nos portos, contatos oficiais, interferência na política financeira e econômica. A área política não contou com apoio, pois o governo central tinha interesses heterogêneos demais para atender a interesses locais, como era o caso do café. Então, o país conseguiu se integrar no comércio mundial através da cultura do café, levando a uma grande expansão, para isso só era preciso resolver o problema da mão de obra, que Celso Furtado classifica em quatro etapas.
·         Problema da mão de obra I:
Oferta interna potencial: existia no Brasil na metade do século XIX menos de dois milhões escravos. Teria trabalho, mas não tinha mão de obra suficiente para executá-lo. O Brasil comprou muito escravo no decorrer do século, porém ocorreram muitas mortes. E houve uma demanda maior de escravos na região no sul, onde existiam as plantações de café. Com a redução da mão de obra escrava ocorreu à elevação dos preços do café. Existia uma expansão do setor de setor de subsistência, em contra partida não havia oferta de mão de obra fora do suporte. Existia subsistência (roça), somente com o objetivo de produzir para o consumo, como também existiu a ligação com o setor pecuário (unidade maior mista), onde tem uma variação de faixa monetária que se paga (de região para região anualmente). O aspecto social mostrou que o proprietário como chefe das terras foi mais relevante, pois a este interessava a ter maior número de pessoas vivendo em suas terras, assim poderia dispor da mão de obra que necessitasse. E o roceiro da economia de subsistência mantinha vínculo de fidelidade. A economia era bastante dispersa, fazendo com que o recrutamento de mão de obra fosse uma tarefa difícil que exigisse muitos recursos. Existia muita mão de obra com baixa produtividade, não só no sistema de subsistência, como também na zona urbana, que tinha dificuldade em se ocupar definitivamente por não se adaptar ao trabalho agrícola e as condições de vidas nas grandes fazendas.
Diante do problema da oferta da mão de obra no Brasil, cogitou-se em importar mão de obra asiática no regime de semi- servidão.
·         Problema da mão de obra II:
Imigração Européia: devido ao problema da mão de obra foi sugerido trazer imigrantes europeus, para tentar resolver a situação, o que não aconteceu. Mais era preciso aumentar a oferta de força de trabalho disponível para a grande lavoura, o cenário se fundamentava em torno disso.
E os imigrantes europeus trazidos para trabalhar nas colônias, não contribuíram em nada para mudar a inadequada mão de obra. E essas colônias criadas pelo governo imperial, necessitavam totalmente de fundamento econômico. E essa colonização é amplamente subsidiada, pagavam-se transporte e gastos de instalação e eram promovidas obras públicas artificiais para dar trabalho aos colonos. A vida econômica das colônias era bastante precária, pois não havia mercado excedente de produção, o setor monetário estava atrofiado, a divisão do trabalho evoluíam e a colônia regredia para uma economia de subsistência.
Os colonos levavam uma vida desumana, que talvez fosse devido a leis inadequadas do país, e isso fez com que a Europa se movimentasse contra a imigração para o império escravista. Para que as colônias se tornassem atrativas correntes espontâneas de povoamento, era preciso desenvolver atividades produtivas rentáveis.
Diante de um governo imperial que não solucionava o problema da mão de obra da grande lavoura, os dirigentes do café começaram a se preocupar com o problema.
No Brasil o governo cobria somente as passagens do imigrante. Sendo assim o estado financiava a operação e o colono hipotecava o seu futuro e o de sua família, o fazendeiro ficava com todas as vantagens. O regime era tão cruel que o colono era submetido a não abandonar a fazenda, antes de pagar toda a dívida. A partir da década de 60, a oferta da mão de obra tornou-se bastante séria, devido ao aumento do preço do café e o aumento do algodão com a Guerra da Sucessão, nos EUA que gerou uma diminuição no tráfico de escravos para o sul. Então, precisava de medidas amplas, em primeiro lugar verificando o sistema de pagamento do colono. No início o sistema era de parceria, que sobrecarregava o colono com as perdas que pudessem acontecer na colheita. Depois dos anos 60 o regime passou a ser misto e o colono tinha garantias da parte principal de sua renda. Sendo assim, o colono recebia um salário monetário anual por cuidar de determinados pés de café e uma variável em função do volume da colheita. Depois era necessário decidir quem pagaria pela passagem do colono. Só em 1870 o governo imperial se encarregou dos gastos com o transporte dos imigrantes, que vieram trabalhar na lavoura do café. E os fazendeiros cuidavam dos gastos referentes ao primeiro ano de permanência do imigrante, como também deveria disponibilizar terras para que cultivassem os gêneros de primeira necessidade, para manter a família. Com isso ocorreu um volume grande de imigração européia pela primeira vez na América.
No mesmo momento em que no Brasil a situação era positiva, ocorria na Itália à unificação política, gerando conseqüências econômicas, e tudo isso levou a uma pressão sobre o excedente de população agrícola, que causou uma intranqüilidade na sociedade. A solução foi resolver através da migração, com isso ocorreu uma corrente imigratória, que possibilitou a expansão da produção de café no Estado de São Paulo.
·         O problema da mão de obra III

Transumância amazônica: O sentido da palavra que ora aqui referimos é o deslocamento humano em busca de novas oportunidades de vida, de um novo trabalho de novas     significações pessoais. Com essa enorme corrente migratória de origem européia para a região cafeeira, o Brasil conheceu no final do século XIX outro grande movimento de população: da região nordestina do para a Amazônia. A economia amazônica entrou em decadência desde os fins do século XVIII. Existia um potencial muito grande para aumentar a extração na região, mas a falta de mão de obra, exatamente como no café, se tornou um grande empecilho para o aumento da produtividade. O aumento da produtividade inicial sem a melhora das técnicas de extração indica a expansão da mão de obra no local. O algodão e o arroz também tiveram sua etapa de prosperidade, sem, contudo jamais alcançar cifras de significação para o conjunto do país. Desses produtos extrativos o cacau continuava a ser o mais importante. Mesmo sem registros oficiais e estatísticos importantes ficou verificado que esta mão de obra se originou do nordeste. A situação da mão de obra nordestina na borracha era muito diferente da mão de obra européia no café. O nordestino já chegava endividado, comprava o produto para sua subsistência das mãos de seus empregadores, vivia no isolamento e em condições insalubres, se reproduzia pouco e morria cedo. O aproveitamento dos demais produtos da floresta deparava-se sempre com o mesmo obstáculo: a quase inexistência de população e a dificuldade de organizar a produção com base no escasso elemento indígena local. Mais uma vez o Brasil dava privilégios ao produto, neste caso mão de obra, estrangeiros do que ao nacional. A borracha estava destinada, nos fins do século XIX e começo do XX, a transformar-se na matéria-prima de procura em mais rápida expansão no mercado mundial. A indústria de veículos terrestres a motor de combustão interna será o principal fator dinâmico das economias industrializadas, durante um largo período que compreende o último decênio do século passado e os três primeiros do século XX. Sendo a borracha um produto "extrativo" e estando o estoque de árvores então existente concentrado na bacia amazônica, o problema de como aumentar sua produção para atender a uma procura mundial crescente se afigurava extremamente difícil. Impunha-se, evidentemente, uma solução em longo prazo, porquanto era óbvio que a possibilidade de aumentar a produção de borracha extrativa na Amazônia não era muito grande. No caso do café, a expansão da produção de borracha na Amazônia era uma questão de suprimento de mão-de-obra. A população do Nordeste, conforme já indicamos, estava ocupada, desde o primeiro século da colonização, em dois sistemas econômicos: o açucareiro e o pecuário. A decadência da economia açucareira, a partir da segunda metade do século XVII, determinou a transformação progressiva do sistema pecuário em economia de subsistência. Nesse tipo de economia, a população tende a crescer em função da disponibilidade de alimentos, a qual depende diretamente da disponibilidade de terras. Na região nordestina uma expansão vegetativa desse estilo se realizava desde o século XVII. Em algumas sub-regiões, na segunda metade do século xix, os sintomas de pressão demográfica sobre a terra tornaram-se mais ou menos evidentes. O desenvolvimento da cultura algodoeira, nos primeiros decênios do século, havia permitido uma diversificação da atividade econômica, o que contribuíra para intensificar o crescimento da população. A situação do nordestino na Amazônia era bem diversa: começava sempre a trabalhar endividado, obrigando-os a reembolsar os gastos com a totalidade ou parte da viagem, com os instrumentos de trabalho e outras despesas de instalação. Para alimentar-se dependia do suprimento que, em regime de estrito monopólio, realizava o mesmo empresário com o qual estava endividado e que lhe comprava o produto. As grandes distâncias e a precariedade de sua situação financeira reduziam-no a um regime de servidão. Entre as longas caminhadas na floresta e a solidão das cabanas rudimentares onde habitava, esgotava-se sua vida, num isolamento que talvez nenhum outro sistema econômico haja imposto ao homem. Demais, os perigos da floresta e a insalubridade do meio encurtavam sua vida de trabalho.
·         O Problema da mão-de-obra IV
Eliminação do trabalho escravo: A escravidão no Brasil foi à base de um sistema de vida estabelecido, transformando esse sistema econômico escravista uma estabilidade estrutural, e para aqueles que adotavam esse sistema, a abolição dos escravos se tornaria um grande desastre. Para eles o escravo era a riqueza, e com a abolição acarretaria o empobrecimento da população que era a responsável pela riqueza do país. Estavam atordoados em saber a riqueza imensa que iriam perder. Mas, jamais pensaram que a riqueza toda foi graças à mão-de-obra gratuita que eles sempre tiveram a mão. E isso sim, era uma calamidade, se enriquecerem através de outros coitados. Mas, para outros, admitiam que a abolição fosse uma forma deles não precisarem usar uma boa parte de seu capital em compras de escravos. A abolição da escravatura modificaria as formas de ordenamento da produção, transformando os escravos em assalariados. Caso esses escravos abandonassem as antigas plantações e a dedicassem à agricultura de sua subsistência, as modificações na organização da produção seriam enormes, pois os empresários teriam que oferecer um salário muito alto para conseguirem mão-de-obra. Portanto, isso para eles não poderia nem de longe acontecer. No Brasil, os escravos libertados que abandonavam os engenhos tiveram muitas dificuldades para sobreviver. Nas regiões urbanas já havia um excesso de população que já constituía um problema social desde o começo do século. E para o interior a economia de subsistência se expandira a grande distância. Com esses fatores limitavam a massa de escravos liberados. Com isso, o salário destes se tornava baixos. Portanto, é difícil admitir que nada havia modificado com a abolição, eles continuavam a viverem mal. Na região cafeeira as conseqüências da abolição foram diversas. Os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e em pequena parte em São Paulo se havia formado uma agricultura cafeeira importante à base de escravo. A possibilidade da utilização das terras a maior distância com a introdução da estrada de ferro havia colocado essa agricultura em situação desfavorável já na época anterior à abolição. Portanto, ocorreu a migração de mão-de-obra em direção as regiões de rápida expansão, as quais podiam pagar salário mais alto. Foi nessa época que houve a migração européia para São Paulo. É claro dizer que os europeus tinham mais vantagens em relação aos ex-escravos. E não havendo um incentivo aos ex-escravos e com uma abundância de terras, tornava ao ex-escravo refugiar-se na economia de subsistência. Portanto, as oportunidades de trabalho, que tinha na região cafeeira, trouxeram uma situação favorável ao ex-escravo um salário elevado. E isto indica que nessa região, a abolição provocou uma redistribuição da renda em favor da mão-de-obra. Com tudo isso, pode-se salientar que para o escravo bastava a sua sobrevivência, e com apenas três dias de trabalho já bastava a eles, com isso foi observado um afrouxamento nas normas de trabalho, pois para eles o que importava era o ócio do que seguir trabalhando quando já tinha o suficiente para viver. Cabe tão somente lembra que o reduzido desenvolvimento mental da população submetida à escravidão provocara a segregação parcial desta após a abolição, retardando sua assimilação e entorpecendo o desenvolvimento econômico do país. A abolição foi, na realidade, resultado da antiga política britânica de pressionar o Governo brasileiro para encerrar o comércio de escravos. A luta contra esse comércio ocorreu em função dos planos de expansão das produções nas colônias britânicas (açúcar), favorecendo, portanto, o crescimento do capitalismo industrial britânico. Convém notar que, ao final do século XIX, a escravidão no Brasil declinou sob pressão dos trabalhadores imigrantes, cujos salários custavam menos que manter escravos. Entretanto, a "Lei Áurea" desencadeou uma reação entre os donos de escravos, que rapidamente erodiu as bases políticas da Monarquia. Após alguns meses de crise no Parlamento, o Imperador foi deposto no dia 15 de novembro de 1889, por um movimento militar que proclamou o fim da Monarquia e o estabelecimento da República. Portanto a abolição foi uma medida política do que econômica. 
A economia brasileira parece haver alcançado uma taxa relativamente alta de crescimento na segunda metade do século xix. Sendo o comércio exterior o setor dinâmico do sistema, é no seu comportamento que está à chave do processo de crescimento nessa etapa. Esse aumento do volume físico da exportação foi acompanhado de uma elevação nos preços médios dos produtos exportados de aproximadamente 46 por cento. Por outro lado, observa-se uma redução de cerca de oito por cento no índice de preços dos produtos importados, sendo, portanto, de58 por cento a melhora na relação de preços do intercâmbio externo. Dessa forma o setor mais dinâmico da economia quintuplicou no período considerado. Não obstante o índice de preços das exportações havia aumentado 46 por cento, os preços do algodão se elevaram apenas 32 por cento e os do açúcar declinaram 11 por cento. A renda real gerada por esses dois produtos, tomados conjuntamente, aumentou somente 54 por cento no período considerado. Sendo o açúcar e o algodão os dois únicos artigos de significação na exportação nordestina, 28 por cento depreendem-se claramente que o desenvolvimento da segunda metade do século X não se estendeu a todo o território do país. Para fins de análise do comportamento da renda real, no período que estamos considerando, convém dividir a economia brasileira em três setores principais. O primeiro, constituído pela economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de economia de subsistência a ela ligada, se bem que por vínculos cada vez mais débeis. O segundo, formado pela economia principalmente de subsistência do sul do país. O terceiro, tendo como centro a economia cafeeira. Para fins de verificação do comportamento da renda real, no período que estamos considerando, convém dividir a economia brasileira em três setores principais. O primeiro, constituído pela economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de economia de subsistência a ela ligada, se bem que por vínculos cada vez mais débeis. O segundo, formado pela economia principalmente de subsistência do sul do país. O terceiro, tendo como centro a economia cafeeira. O primeiro desses sistemas está formado pela faixa que se estende desde o Estado do Maranhão até Sergipe. Exclui-se a Bahia pelo fato deque sua economia foi profundamente modificada durante essa etapa pelo advento do cacau. Tem-se em conta que na região nordestina existiam dois sistemas, o litorâneo principalmente exportador e o mediterrâneo de substâncias. O segundo sistema estava formado pela economia principalmente de subsistência, que se beneficiou indiretamente com o crescimento das exportações. Encontrando um mercado dentro do país capaz de absorver seus excedentes de produção, alguns setores da economia de subsistência puderam expandir a faixa monetária de suas atividades produtivas. Os colonos que se encontravam mais no interior puderam dividir seu tempo entre a agricultura de subsistência e a extração de folhas de erva-mate, aumentando substancialmente sua renda. Os colonos mais próximos do litoral se beneficiaram da expansão do mercado urbano, expansão essa que tinha seu impulso primário no desenvolvimento das exportações. A região das colônias se beneficiou da expansão do mercado interno, seja diretamente, colocando alguns produtos de qualidade, como o vinho e a banha do porco sejam indiretamente, através da expansão urbana do estado, possibilitada pelo aumento de produtividade no setor pecuário. O contraste entre a região de economia principalmente de subsistência, do sul do país, e a região nordestina transparece claramente nos dados demográficos. O Terceiro sistema estava constituído pela região produtora de café. Essa região compreendia então os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais è São Paulo. A população desses quatro estados, considerados conjuntamente, aumentou com uma taxa de 2,2 por cento, entre 1872 e 1900. A população dos dois estados - antigos produtores (Rio de Janeiro e Minas Gerais) - se expande com relativa lentidão (taxa de 1,6 por cento); por outro lado, a região que se integra na produção cafeeira no (Espírito Santo e São Paulo) apresenta a taxa extraordinariamente elevada de 3,6por cento. Esses dados põem em evidência que o desenvolvimento da região cafeeira se realizou, durante essa etapa, com transferência de mão-de-obra das regiões de mais baixa produtividade - e certamente do setor de subsistência dessa região - para outras de mais alta produtividade. A transferência de mão-de-obra do setor de subsistência para o cafeeiro significava que a importância relativa deste estava aumentando. Tendo em conta a ação desses distintos fatores, pode-se admitir como provável que a renda real per capita do conjunto da região não estaria crescendo com ritmo inferior ao do setor exportador.
No final do século XIX, houve um aumento da importância do setor assalariado. Percebe-se que esse novo modelo econômico é bastante diferente do modelo de subsistência, pois os assalariados gastavam toda sua renda com roupas, alimentação e outras necessidades, por sua vez os proprietários dos cafezais guardava sua renda para o acumulo do capital.
Em conseqüência do aumento do comércio exterior da economia assalariada, a utilização dos fatores existente melhorou, pois o aumento da produtividade influenciou o mercado interno. O crescimento externo apresentou o aumento de preço das mercadorias exportada trazendo lucro para seus proprietários que utilizavam essa renda para aumenta suas plantações.
O deslocamento da mão de obra e a imigração foram independentes dos altos salários que esses setores ofereciam, contudo a economia cafeeira manteve o equilíbrio entre os salários pagos. Pra que o sistema econômico assalariado fosse efetivado com êxito, vários problemas surgiram, como a não adaptação do padrão-ouro,que se baseava na idéia de que se um país importava mais que exportava,deveria exportar ouro para reduzir o meio circular. Assim estimularia a exportação e desestimularia a importação,até  que o desequilíbrio na balança de pagamentos fosse corrigida.
Durante o século XIX, não ouve mudança na teoria monetária fora do mecanismo do padrão-metálico, com isso o Brasil ficou preso por causa de vários preconceitos doutrinários da teoria monetária.
Para aumentar a produtividade da mão de obra e da terra era necessário que os empresários aplicassem capitais para o aperfeiçoamento do cultivo, mas como eles estavam interessados no aumento da produção e, conseqüentemente, seu lucro. Os empresários só aplicavam na expansão das plantações, e nada no incentivo para melhorar o cultivo. A destruição dos solos, na visão social, era algo inadmissível, já na visão dos empresários privados, que pretendiam recolher o máximo de lucros, era algo normal.
Mesmo o café trazendo condições econômicas favoráveis e lucros abundantes em determinado período do ano, os empresários não viam nenhum estímulo para investir em capital humano e capital físico, por isso quando as terras não apresentavam rendimentos suficientes, eram abandonadas pelos empresários e o capital que eram utilizados nelas era transferidos para uma nova terra que lhes dariam maiores rendimentos.

“(...) produto que permitiria ao país reintegrar-se nas correntes em expansão do comércio mundial; concluída sua etapa de gestação, a economia cafeeira encontrava-se em condições de auto-financiar sua extraordinária expansão subseqüente, estavam formados os quadros da nova classe dirigente que lideraria a grande expansão cafeeira” (FURTADO, 2007, p. 172).

A flutuação dos preços do café era de acordo com a contração e a expansão da margem de exportação do mesmo, que sofria influência da crise, da necessidade dos compradores e da própria natureza externa, que resultava em um déficit no balanço de pagamentos, onde esse desequilíbrio poderia ser resolvido por meio das atividades econômicas advindas das exportações. A correção do desequilíbrio por meio da taxa cambial era necessário reduzir os preços do café exportado, que baixava bruscamente o poder aquisitivo externo da moeda nacional, que gerava o encarecimento dos produtos importados, reduzindo a sua procura dentro do país. Posteriormente, passou a ser cobrado uma tava cambial fixa nos impostos sobre as importações.


Conclusão

O Brasil na época do império viveu períodos de intensa disputa pelo poder entre os aristocratas, através de medidas tomadas pelos partidos, que visavam seus interesses econômicos e sociais, que eram embasados na manutenção de seus patrimônios, propriedade privada e crescimento econômico. O regime imperial em seus últimos tempos demonstrou uma fragilidade extrema, devido a fatos importantes que influenciaram esta situação que foram questões religiosas, militares, sociais, ou seja, a luta pela abolição. A condenação de religiosos, a intensa discriminação aos negros dentre outros, acendeu o estopim que culminou em uma época de crises que levando o regime à debilidade. O descompasso do regime imperial em relação às exigências de autonomia dos cafeicultores, com necessidade de expandir seus negócios internamente, provocou conflitos em toda a sociedade, pois o regime estava barrando o crescimento econômico da nação. Como o café estava prosperando e a economia estabilizada por este fato, o poder imperial criou a falsa ilusão de que o Brasil se tornava mais próspero. Foi criada a idéia de um imperador que não interferia na economia, mas o que acontecia era que o imperador nomeava os presidentes de Províncias e senadores. Foi formado então o partido republicano, com a ideologia de descentralização do poder, e mesmo não sendo eles que derrubaram a monarquia, as suas ideologias mudaram os perfis políticos e administrativos que lavaram ao novo sistema de governo na época.













Bibliografia
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil.32° edição;São Paulo,2003.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 34ª. Edição; São Paulo: Cia. Das Letras, 2007.
VILAÇA, MARIA JOSÉ. A Formação de Trabalho no Brasil.São Paulo,1967.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil; São Paulo: Brasiliense, 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário